O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidadão da
Paraíba (CEDDHC-PB) publicou nesta segunda-feira (7) o relatório de
inspeção feita ao Centro Educacional de Jovens da Paraíba (CEJ),
realizada em 23 de março de 2012.
Imagem meramente ilustrativa
A
visita se deu sem aviso prévio e foi provocada a partir dos
acontecimentos recentes ocorridos no CEJ, especialmente a rebelião do
dia 6 de março de 2012 e a mudança da direção da unidade no dia 10
também de março.De acordo com o relatório, foram constatadosno
CEJ problemas generalizados na infraestrutura do estabelecimento, tais
como dormitórios “escuros, úmidos, com infiltrações e o chão
inteiramente alagado, algumas paredes quebradas.”A equipe
também flagrou jovens amontoados em celas, enquanto outras estão
desocupadas sem justificativa. Em um dos dormitórios havia cinco rapazes
e apenas uma cama.Segundo relatos da diretoria do CEJ, o
estado bastante degradado dos dormitórios se deve a recente rebelião,
quando os próprios internos destruíram os colchões.
PROBLEMAS
Os próprios internos relataram à equipe do CESSHC que convivem com problemas como entupimento de banheiros (que consistem em “um buraco no quarto”), sendo que as refeições são feitas no mesmo local. Os internos ainda relatam falta constante de água.
AGRESSÃO
O CEDDHC também ouviu dos detentos relatos sobre agressões físicas, tendo verificado que alguns jovens exibem marca no corpo correspondentes aos relatos.
De acordo com os detentos, as marcadas foram feitas por
policiais que invadiram o Centro durante a rebelião do dia 6 de março e
vários jovens teriam sido espancados.
Alguns internos mostraram balas de borracha que teriam sido utilizadas pelos policiais contra os internos na mesma ocasião.
HUMILHAÇÕES
Os internos relataram aos representantes do CEDDHC humilhações praticadas pelos monitores, bem como revista íntima inadequada nas mães e esposas dos internos.
Conforme o relatório, um dos jovens informou que
sua esposa grávida de quatro meses é forçada a abaixar-se e levantar-se
despida, realizando esforço inadequado para sua condição, todas as vezes
que vai visitá-lo.
Os internos ainda relataram não ter qualquer
contato com advogado ou defensores para serem assessorados
juridicamente sobre seus processos.
RECOMENDAÇÕES
A visita feita pelo CEDDHC culminou com a publicação de um documento que contém relatos, fotos e, ainda, recomendações. Confira abaixo as recomendações que o CEDDHC espera que sejam atendidas pelo Governo do Estado para melhorar a vida dos internos do CEJ.1- O Estado da Paraíba deve assegurar que a direção da Unidade Educacional, seja, com a brevidade possível, transferida à pessoa com experiência e formação em direito, educação, psicologia ou ciências correlatas, desvinculada da instituição policial-militar, nos termos da carta “O Estado da Paraíba na contramão da história: a militarização do centro educacional do jovem” divulgada pelo CEDDHC e outras entidades em março deste ano.
2- O Estado da Paraíba deve providenciar os reparos
dos danos causados pela rebelião, retirar os elementos de risco que
ainda se encontram expostos, e introduzir melhorias físicas a fim de
dotar o Centro de condições humanas de acolher os internos, inclusive
instalações sanitárias e hidráulicas apropriadas.
3- O Estado da
Paraíba deve fornecer colchões, roupas, água gelada, ventiladores e
outros suprimentos destinados a amenizar a situação desumana vivenciada
pelos internos;4- O Estado da Paraíba deve elaborar e divulgar o
Projeto Pedagógico da Unidade, pondo-o imediatamente em execução,
regularizar o atendimento psicológico, as aulas e oferecer cursos e
atividades profissionalizantes aos internos;5- O Estado da
Paraíba deve apurar as denúncias de agressões aos internos, instaurando
sindicâncias e procedimentos administrativos contra os responsáveis;6- O Estado da Paraíba deve garantir a assistência médica e a visita regular da Defensoria Pública à Unidade.
O
CEJ está localizado em Mangabeira, zona sul de João Pessoa, e
destina-se ao cumprimento da medida socioeducativa de internação por
jovens de 18 a 21 anos, possuindo atualmente um total de 47 internos.
Participaram
da visita representantes do Ministério Público Federal, Defensoria
Pública da União, Centro de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB,
Ouvidoria da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Paraíba, Rede
Margaridas, e Pastoral Carcerária.
Da Redação O Arauto Mamanguapense
Com informações do Portal Correio
clenilsonpinto@yahoo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário